Todo mundo sabe via imprensa escrita e televisiva dos fatos que ocasionaram a punição a Neymar do treinador Dorival Jr., e agora, por persistir no cumprimento de sua ordem (afastamento de Neymar por 15 dias por causa de ofensa verbal durante jogo), Dorival Jr. foi demitido do Santos por justa causa (quebra de hierarquia), pois a diretoria do clube santista determinou que a punição ao jogador deveria ser suspensa antes do jogo desta quarta, o que não seria cumprido por Dorival Jr.
Fora os fatos que o público não conhece e as intenções de cada envolvido com suas atitudes, só nos resta especular sobre o que aparece.
Para mim, a questão crucial é: se o treinador da equipe tem autonomia para decidir o plano de jogo, escalar o time e assim ser responsável pelas vitórias e derrotas, na hora da indisciplina do jogador, em que o técnico toma suas providências, a diretoria deve apoiá-lo, sob pena de ver uma sublevação no elenco, pois a própria diretoria estaria autorizando isso, ao revogar a decisão do treinador.
Exemplo: a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, criticou, em sua entrevista recente, o ex-técnico rubro-negro Andrade, exatamente por este ter ido perguntar a ela sobre a escalação de um jogador. Ora, se o treinador tem autonomia, seus superiores tem que secundar suas decisões (e não dar opinião sobre o que fazer, como foi a atitude da Patrícia Amorim).
Sob pena de criar um "monstro", no dizer de Renê Simões, treinador do Atlético-GO, ao assistir a reação de Neymar contra Dorival Jr. Se as circunstâncias continuarem assim, ou seja, toda vez que o Neymar for indisciplinado, ele derrubar um técnico, pois a diretoria do clube vai querer valorizar seu atleta, para não ter perdas financeiras futuras, aonde vai parar esse menino?
Ele vai achar que pode tudo, vai achar que manda em tudo, e o "monstro" estará criado. Como diz o ditado, "é de pequeno que se torce o pepino". E clube e investidores acham que estarão preservando seu patrimônio, achando que esse "craque" vai decidir uma copa do mundo.
Se ele não tem equilíbrio emocional numa partida contra o Atlético-GO, vai ter pela Seleção contra uma rival de alto nível?
Obviamente, com todo mundo sabendo disso, quem será que os adversários irão provocar primeiro, até tirar do jogo? É claro que é o jogador sem estabilidade emocional, vide o que aconteceu com Felipe Melo na Copa 2010.
Assim, de maneira simples e direta, se não quiserem que Neymar seja o próximo Felipe Melo, ou Djalminha (dispensado por Felipão em 2002, por conta de agressão a treinador na Espanha), para citar um jogador da mesma faixa de campo, é melhor tomarem uma atitude correta agora, ou então, nem o próximo técnico do Santos vai segurar a parada, pra começar.
E será que agora o Chelsea estaria mesmo triste de não ter levado o jogador?
E Mano Menezes já avisou: vai conversar com o técnico do clube primeiro. Ou seja, o menino não vai nem ser convocado, se continuar assim, veja lá coisas maiores!
Última observação: os dirigentes santistas deviam falar com os comandantes do Internacional de Porto Alegre, para aprender como gerenciar ou resolver questões com jogadores indisciplinados.
Afinal, o Inter ganhou a Libertadores sem precisar contar com o Walter, uma jovem promessa de craque, mas que estava dando muito trabalho. Ou outros, que o Inter dispensou em anos anteriores pelo mesmo motivo.
De que adianta ter um craque se na hora H ele deixa o time na mão? Craque é quem fica em campo, aguenta pancadas e provocações, e decide as partidas, vide jogadores da Espanha, que tomaram pontapés e bordoadas, mas seguraram a onda até o fim, pra ganhar a Copa.
Em suma, o craque é o jogador que é um grande problema para os adversários. Ele tem que ser uma enorme dor de cabeça para as outras equipes, e não para a dele
(eu odiava o Roberto Carlos e o Júnior quando jogavam no Palmeiras, pois sempre aprontavam contra o Cruzeiro; hoje, até o Jorge Henrique, que é tecnicamente mediano, mas taticamente excelente, preocupa mais que o Neymar, porque o J.H. é forte, aguenta pancada, e incomoda horrivelmente o time adversário; até gol de cabeça o cara faz, que cara chato, meu; agora, vai perguntar se ele é chato para os corintianos...).
Mas quando o jogador é uma dor de cabeça para a própria equipe, e para o próprio clube, chega uma hora que ninguém vai aguentar a incomodação, e aí todo mundo vai querer se livrar dele.
Torci para o Neymar ser convocado por Dunga, e hoje torço para Mano não o convocar.
Aliás, Mano convocou hoje a Seleção e Neymar está fora da lista.
