Os aficionados de futebol sabem que o jogo do
Ademir da Guia era genial, compassado, falsamente lento, ritmado.
Como a
poesia de João Cabral de Melo Neto, às vezes árida, mas rija, ritmica, forte, e também cadenciada, como o futegol do
Divino.E assim, temos três homenagens em um só vídeo-poema:
Ronald Augusto recita o poema "Ademir da Guia", do poeta pernambucano:
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999).